O Panorama Setorial Agrícola 2025 – Decifrando o Cenário de Máquinas no Brasil, realizado pela [BIM]³ – Boschi Inteligência de Mercado, indica que o campo brasileiro adota práticas de economia colaborativa em escala relevante. Muitos produtores optam pelo compartilhamento de máquinas entre vizinhos e por serviços via cooperativas. Em paralelo, ganham espaço os modelos de prestação de serviços.

“Essa tendência aproxima o agronegócio de modelos já consolidados no mundo empresarial. O produtor busca eficiência sem comprometer o fluxo de caixa, recorrendo, muitas vezes, ao compartilhamento, à contratação de empresas especializadas e ao aluguel de equipamentos, incluindo drones. Essa realidade, verificada na pesquisa, ajuda a compreender melhor a mecanização no campo”, afirma Luís Vinha, sócio-diretor da [BIM]³.

Máquinas como serviço - Entre os serviços de mecanização, a modalidade mais recorrente é a contratação de colheitadeiras com operador, seguida de pulverização terceirizada e aluguel de tratores.

As formas de cobrança variam - de cerca de 5% do valor da colheita a aproximadamente R$ 450 por hectare - conforme serviço, cultura e região. Além da contratação direta, a pesquisa registrou trocas de serviços entre vizinhos e compartilhamento de máquinas, soluções que reduzem custos e evitam ociosidade, embora possam limitar a disponibilidade imediata.

Drones em ascensão - Outro destaque é o avanço dos drones de pulverização. Nas feiras agrícolas, além da venda dos equipamentos, diversas empresas oferecem serviços especializados e treinamentos. Cooperativas também passaram a disponibilizar pulverização com drones aos associados, ampliando o acesso à tecnologia, sobretudo entre pequenos e médios produtores.

Decisão de compra cada vez mais digital - O estudo revela que 62% dos entrevistados pretendem adquirir novas máquinas nos próximos anos e que 70% tendem a permanecer na mesma marca. As decisões estão cada vez mais baseadas em informações obtidas em redes sociais, internet, trocas entre pares e visitas a feiras, em vez de depender exclusivamente da comunicação dos fabricantes.

Entre os critérios de decisão, o desempenho é determinante em todos os segmentos, com algumas variantes:
Tratores: desempenho e disponibilidade de peças pesam mais do que os custos operacionais.
Colheitadeiras: desempenho e custo de aquisição são os fatores mais relevantes.
Pulverizadores e colhedoras de cana: desempenho e tecnologia embarcada se sobrepõem aos custos.

Crédito e financiamento seguem como gargalo - Apesar da intenção de compra, os juros e a burocracia do crédito continuam sendo barreiras significativas. Segundo a pesquisa, 58,6% dos produtores recorrem ao modelo com entrada de recursos próprios e financiamento do saldo, seja por crédito público ou privado.

Para Vinha, “o Panorama 2025 mostra que a mecanização agrícola já não se resume à compra direta de máquinas. O campo brasileiro se aproxima de práticas modernas e economia colaborativa, nas quais os ganhos de eficiência via terceirização com empresas especializadas e compartilhamento passam a ter papéis importantes”.