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Revista M&T - Ed.300 - Dezembro 2025 / Janeiro 2026
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INFRAESTRUTURA

Retomada esbarra em obstáculos conhecidos

Volume de investimentos em infraestrutura no Brasil deve subir para R$ 300 bilhões em 2026, o que representa um recorde histórico no país, mas ambiente setorial ainda é de otimismo cauteloso
Por Redação

O Brasil chega a 2026 tentando superar antigos obstáculos, que emperram a realização de obras de melhoria em infraestrutura.

Muitos empreendimentos ainda não têm data definida para iniciar, mesmo depois de anos de paralisação, orçamentos instáveis e baixa previsibilidade.

Contudo, uma perspectiva positiva paira sobre o mercado, com a sensação – com elementos de transição e incerteza, é verdade – de que o país está recuperando a capacidade de fazer os projetos saírem do papel.

No horizonte aparecem, por exemplo, contratos mais estáveis, uma carteira ampliada de concessões e o avanço do Novo PAC.

Ao menos são essas as previsões da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), ao afirmar que o país deve registrar recorde de investimentos em infraestrutura em 2026, totalizando cerca de


O Brasil chega a 2026 tentando superar antigos obstáculos, que emperram a realização de obras de melhoria em infraestrutura.

Muitos empreendimentos ainda não têm data definida para iniciar, mesmo depois de anos de paralisação, orçamentos instáveis e baixa previsibilidade.

Contudo, uma perspectiva positiva paira sobre o mercado, com a sensação – com elementos de transição e incerteza, é verdade – de que o país está recuperando a capacidade de fazer os projetos saírem do papel.

No horizonte aparecem, por exemplo, contratos mais estáveis, uma carteira ampliada de concessões e o avanço do Novo PAC.

Ao menos são essas as previsões da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), ao afirmar que o país deve registrar recorde de investimentos em infraestrutura em 2026, totalizando cerca de R$ 300 bilhões.

A questão é que, junto a esse movimento, permanecem gargalos históricos e a necessidade de modernização da gestão pública.

Em um cenário de avanços graduais e entraves persistentes, o país se prepara para um ciclo mais produtivo, desde que consiga sustentar a melhoria recente obtida a duras penas.

INVESTIMENTOS

Na perspectiva de Rafael Martins de Souza, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o momento requer uma dose equilibrada de otimismo e cautela.

O docente enxerga um cenário positivo, mas reforça que a consolidação da retomada depende de variáveis estruturais, como capacidade orçamentária, segurança jurídica e profissionalização dos processos de contratação e fiscalização.

“O pior já passou, mas não estamos diante de uma aceleração automática”, pondera.

“O que temos é um ambiente mais estável, no qual os bons projetos conseguem avançar com maior previsibilidade.”

A leitura encontra eco nos números da Abdib, que mostram uma recuperação gradual da carteira de investimentos, embora ainda distante do patamar necessário para recolocar o país em linha com as economias comparáveis.

Historicamente, o Brasil investe cerca de 2% do PIB em infraestrutura, quando precisaria de, pelo menos, 4%.

A associação observa que há sinais de reorganização, com crescimento do volume de projetos estruturados, especialmente nas áreas de rodovias, saneamento e energia.

Para Souza, 2026 também tende a refletir um ambiente institucional mais sólido. Ele destaca que o setor público tem sido pressionado a aperfeiçoar a fase de planejamento, etapa que historicamente compromete prazos e custos.

“A cadeia de suprimentos é sensível à previsibilidade”, explica. “Quando o governo consegue planejar melhor, mesmo sem grandes saltos orçamentários, o desempenho melhora, o que tem acontecido aos poucos.”

Entre avanços graduais e entraves persistentes, o país se prepara para um ciclo mais produtivo em infraestrutura


O professor chama a atenção ainda para um motor poderoso: o ciclo recente de concessões e PPPs. Em sua visão, o protagonismo do capital privado continuará a aumentar, especialmente em segmentos dependentes do orçamento federal.

“É um avanço natural, pois o Estado tem limitações claras”, comenta Souza. “Sem participação privada, não teremos expansão significativa na capacidade logística.”

Esse crescimento, é claro, não elimina o papel estatal. Pelo contrário, o governo precisa melhorar as condições para o setor privado investir. Isso inclui estabilidade regulatória, transparência contratual e mecanismos maduros de resolução de conflitos, mantendo a engrenagem público-privada bem-ajustada.

Em comparação com os anos anteriores, reforça o docente, o nível de execução das obras de infraestrutura no Brasil apresentou melhorias em 2025, “impulsionado principalmente pelo setor privado”.

No entanto, o setor público enfrenta desafios persistentes. Segundo o Painel de Obras Paralisadas, do Tribunal de Contas da União (TCU), metade das obras financiadas com recursos federais está parada.

Educação e saúde somam 70% das paralisações, que vêm aumentando, o que indica uma piora na execução em termos de conclusão de projetos, apesar do aumento nos valores investidos.

EXECUÇÃO

Do lado do governo federal, todavia, a percepção é de avanço. Em nota enviada à reportagem, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) afirma que 2025 apresentou um nível de execução superior aos anos anteriores, impulsionado por melhorias na gestão de contratos, modernização dos processos de fiscalização e adoção de novas ferramentas de monitoramento.

De acordo com o órgão, os valores pagos em obras de construção aumentaram entre 2023 e 2024, sendo que a projeção indica novo aumento este ano. Para Souza, esse esforço é nítido, mas não altera o fator estrutural que determina o ritmo das obras.

“A grande questão continua sendo o orçamento”, acentua.

“A distinção entre dotação e empenho é fundamental, pois é justamente aí que a infraestrutura pública emperra, já que muitas vezes há previsão, mas não execução suficiente para sustentar o cronograma das obras.”

O DNIT, entretanto, reforça que acompanha a execução e busca compatibilizar os empreendimentos com a capacidade de alocação de recursos.

Para 2026, os projetos estão concentrados no Novo PAC, com destaque para corredores logísticos, travessias urbanas e duplicações de rodovias. Uma carteira volumosa, mas que ainda esbarra no ritmo de liberações.

Para Souza, essa “distância entre o planejado e o que efetivamente se executa” explica parte do atraso do país.

Se o diagnóstico é recorrente, o ambiente se mostra relativamente diferente.

O professor da FGV acredita que 2026 será um ano de transição, especialmente por se tratar de um período pré-eleitoral.

Nessa fase, cria-se um ambiente de maior volatilidade e reavaliação de riscos para o setor privado, que espera a definição do cenário político para realocar investimentos de longo prazo, enquanto o setor público direciona esforços para ações de curto prazo, com visibilidade eleitoral.

Nesse quadro, medidas legais bem-estabelecidas e regras claras – como é o caso do Marco Legal do Saneamento – oferecem previsibilidade e segurança, reduzindo a volatilidade dos investimentos.

A Abdib afirma que a demanda por infraestrutura permanece elevada, especialmente em rodovias, ferrovias, saneamento, energia e portos.

Setor avança com melhorias na gestão de contratos, modernização dosprocessos de fiscalização e adoção de novas ferramentas de monitoramento


“O setor privado continuará puxando o ritmo em concessões e PPPs, enquanto o governo deve se dedicar às obras de maior impacto social ou que não despertam interesse”, complementa o docente.

“O desempenho do setor de construção, que tem mostrado recuperação gradual, também pode contribuir para essa equação, ainda que a taxa de juros e a capacidade de financiamento mereçam atenção contínua”, adverte.

Em 2026, portanto, o cenário deve ser interpretado com certo pragmatismo. O setor de infraestrutura vive um período de consolidação dos investimentos e projetos em andamento, mas com elementos de incerteza devido ao cenário político-fiscal e às tendências tecnológicas emergentes.

Além disso, as empresas precisam de previsibilidade, sem oscilações acentuadas.

“Com base em projeções oficiais e análises setoriais, 2026 deve marcar um recorde de investimentos em infraestrutura”, aponta Souza.

“São estimados aportes de até R$ 300 bilhões, impulsionados principalmente pelo setor privado, com cerca de 80% dos investimentos, e programas como o Novo PAC.”

Segundo a Abdib, o valor representa aumento em relação aos R$ 277,9 bilhões projetados para 2025, com foco em transportes e logística (R$ 76,5 bilhões), saneamento (R$ 44,5 bilhões), energia e logística.

Coordenado pelo governo federal em parceria com estados, municípios e setor privado, o Novo PAC é o eixo central, com R$ 1,3 trilhão previstos até o fim de 2026 (dos quais mais de 53% já executados até 2024). As projeções incluem concessões e PPPs, com os investimentos privados somando R$ 372 bilhões até 2029.

EQUIPAMENTOS

Para Ivan Reginatto, gerente comercial da Ammann do Brasil, a retomada de investimentos em infraestrutura rodoviária e, principalmente, as concessões de rodovias ajudam a gerar demanda por máquinas.

“É preciso atentar para o parque de máquinas, que ainda conta com modelos mais antigos em termos de tecnologia”, diz. “Há necessidade de renovação, gerando oportunidade para equipamentos mais novos.”

Por sua vez, Carlos Santos, gerente da unidade Concrete and Road Machinery da Sany do Brasil, revela confiança no crescimento das vendas, decorrente de projetos visando desenvolvimento e interligação urbana.


Fabricantes apostam em projetos de desenvolvimento urbano para crescimento das vendas de máquinas


“A urbanização demanda pavimentações de ruas, avenidas, estacionamentos e interligações entre bairros, cidades ou estados”, conta Santos, destacando que a pavimentação consome produtos como compactadores, vibroacabadoras e fresadoras.

“Mesmo onde já existe asfalto, há necessidade de renovação.”

Corroborando a percepção, o gerente de vendas para produtos de pavimentação da XCMG Brasil, Rubens C. de Brito, avalia que as expectativas são positivas no setor de rodovias, apesar de persistirem desafios relacionados à taxa de juros.

“Vários aspectos têm chamado a atenção, como a liberação e consolidação de investimentos privados provenientes de concessões já realizadas e contratadas, além de mobilização de novos projetos, repactuação de contratos paralisados e novos leilões programados.”

Na esfera federal, o governo prioriza a universalização de serviços básicos e a transição energética, com alocação via Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) 2026 e Novo PAC.

O orçamento total é de R$ 85,5 bilhões (0,6% do PIB projetado), com ênfase em concessões rodoviárias e projetos de baixo carbono.

“Já no âmbito estadual, os estados atuam em parceria com a gestão federal via Novo PAC, com investimentos locais em infraestrutura viária, hídrica e de saneamento”, retoma o professor.

“Há ainda um Pacto pela Infraestrutura, que visa destravar projetos legislativos até 2026, promovendo coordenação e segurança institucional.”

Já na escala municipal, os entes dependem de parcerias com estados e federação, com ênfase em PPPs para serviços locais.

Em saneamento, o setor privado deve atingir 50% das cidades até 2026. Há ainda projetos em iluminação, limpeza e mobilidade urbana, além de tendências como as “smart cities”, com uso de energias alternativas e gestão de resíduos.


CENÁRIO
Medidas fiscais e creditícias podem impulsionar o setor


Juros altos podem limitar a execução das obras em 2026, adverte professor da FGV


Mantida em 15% ao final de 2025, a taxa básica de juros deve começar a cair em 2026, com projeções de redução para 12,25% ao final do ano, segundo o Boletim Focus.

As projeções indicam expansão moderada do crédito, com crescimento estimado em 7,9% pela Febraban e 8% pelo Banco Central, refletindo uma melhora em relação a 2025.

No setor imobiliário, a expectativa é de aumento no crédito, com meta de três milhões de unidades financiadas até o fim de 2026, superando a projeção inicial de dois milhões para este ano.

“A expansão de financiamentos via BNDES, FGTS e bancos privados colabora para acelerar projetos de saneamento, habitação e transportes”, observa Souza, da FGV. “No entanto, se os juros permanecerem altos, pode haver limitação na execução das obras.”


Saiba mais:
Ammann: www.ammann.com/pt-BR
FGV: https://portal.fgv.br
Sany do Brasil: https://sanydobrasil.com
XCMG: www.xcmg-america.com

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